LIVRO HISTÓRIA DE DAVI

             LIVRO HISTÓRIA DE DAVI


PASTOR CARLOS C DA SILVA 
CEL.(11)95725-5927

LIVRO nos apresenta o início da história de Davi. O contexto da história nos revela que Saul, até então o rei de Israel, havia sido rejeitado por Deus. A sua rejeição não se deu porque ele era uma pessoa incapaz, ímpia ou perversa, nem tampouco porque ele era simplesmente um pecador. Ele foi rejeitado porque tinha um coração soberbo. Saul jamais se reconhecia errado e não se dobrava diante das evidências do seu próprio erro. Antes, ele sempre buscava se justificar. Samuel, o profeta, durante muito tempo, chorou e pranteou por causa da rejeição de Saul. Era como que se Samuel esperasse uma reconsideração de Deus, para que Ele reconduzisse Saul ao trono. Contudo, diante do choro de Samuel, Deus disse: “Basta!”, e perguntou: (I Sm 16.1 )“Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel?” (I Samuel 16.1-13 )
HISTÓRIA DE DAVI PARTE 1
Deus tinha outros planos para o seu povo, outro pastor para colocar à frente do seu rebanho. Por isso, Ele enviou Samuel à cidade de Belém e à família de Jessé. Ao chegar a Belém, Samuel convocou todo o povo para o culto ao Senhor. Ele havia recebido a direção de não apenas ungir o novo rei, mas também de celebrar um culto a Deus juntamente com os moradores de Belém. Quando todos chegaram para participar daquele momento, incluindo Jessé e seus filhos, Samuel imaginou estar diante do novo rei quando viu o primogênito de Jessé.

Eliabe era um homem alto e forte, e era um soldado dos exércitos de Israel. Contudo, Samuel foi enganado pelos seus próprios sentidos. Deus não havia escolhido aquele homem nem os outros 6 que o seguiram. Samuel ficou intrigado: se estavam ali todos os filhos de Jessé, e Deus lhe havia afirmado que um dos filhos de Jessé seria ungido rei, o que estava acontecendo? Então, “Samuel perguntou a Jessé: Acabaram-se os teus filhos?” (I Sm 16.11) Apesar de ter Samuel convocado todos os habitantes de Belém, de fato Jessé possuía um outro filho que não estava presente: Davi. Ele estava apascentando as ovelhas quando se deu a convocação, e ninguém havia se lembrado de chamá-lo. Mas aquele que tinha sido esquecido por todos não foi esquecido por Deus; ele era o futuro rei de Israel. Ao ver Davi, que era “(...) ruivo, de belos olhos e boa aparência. Disse o Senhor: Levanta-te e unge-o, pois este é ele. Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Rama.” (I Sm 16.12,13)

Esse texto nos mostra que os critérios de Deus são totalmente diferentes dos critérios dos homens. A escolha de Deus não é feita de acordo com os critérios das pessoas. Desde a mais tenra idade, o primogênito do rei era preparado para ocupar o lugar do pai, quando esse viesse a morrer. Ele era educado pelos homens mais sábios, recebia aulas de espada, aprendia a usar o arco e a flecha, tinha aulas de montaria, acompanhava o pai nas visitas administrativas, visitava diplomaticamente as cidades, era comandante do exército, aprendia algumas noções de administração e era ensinado a viver na corte. De acordo com esse critério, o próximo rei de Israel deveria ser Jônatas, o primogênito de Saul. O próprio Saul testificou esse entendimento em I Samuel 20.31: “Pois, enquanto o filho de Jessé viver sobre a terra, nem  tu estarás seguro, nem seguro o teu reino; pelo que mandas buscá-lo agora, porque deve morrer.” Aos olhos das pessoas, Jônatas se encaixava em todos os critérios estabelecidos.

Entretanto, Deus não age segundo os pensamentos das pessoas. Para Deus, não importa se as pessoas estabeleceram que o líder deve ser descendente do último, ter um curso superior, ser inteligente, bonito, rico, bem sucedido nos negócios ou conhecido da população. Está registrado em Isaías 55.8,9: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.”

A escolha de Deus não é feita de acordo com a aparência da pessoa. Em I Samuel 16.6,7, nós lemos: “Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o Senhor o seu ungido. Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém, o Senhor, o coração.” A aparência sempre foi algo extremamente importante para as pessoas. Quando Saul foi escolhido como rei de Israel, a sua aparência chamou a atenção de todos. O texto de I Samuel 10.23,24 registra esse fato. O próprio Samuel, mesmo profeta do Senhor, se inclinou a tomar algumas decisões segundo a aparência, ao colocar os seus olhos em Eliabe. Sendo assim, como Deus escolhe os seus líderes?

A escolha de Deus é feita de acordo com seus próprios critérios. Talvez esse seja o ponto mais difícil para nós, porque não sabemos definir com clareza quais são esses critérios. Eles são totalmente imprevisíveis. Segundo o entendimento das pessoas daquela época, o possível líder de Israel deveria ser Jônatas, porque ele era o filho do rei. Em segundo lugar, o primogênito tinha sempre a primazia por ser a pessoa mais importante em uma casa, depois do pai. Era ele quem herdava a posição de chefe quando o pai falecia. Por fim, pensando nas circunstâncias pelas quais Israel estava passando - lutas, guerras, conquistas de territórios – o mais natural seria imaginar que a escolha de Deus iria recair sobre um soldado, alguém que tivesse conhecimento de guerra, para comandar os exércitos de Israel. Mas Deus frustrou os pensamentos e critérios dos homens escolhendo Davi, o caçula, pastor de ovelhas.

Quando Jesus veio chamar Natanael para ser discípulo esse, ao saber que Jesus vinha de Nazaré, perguntou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1.46) Aos olhos dos homens, Jesus jamais poderia ser o Ungido de Deus. Contudo, Deus, o Pai, já o havia chamado desde a eternidade para ser o Salvador dos homens. Paulo disse, em I Coríntios 1.26-29: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.”

A escolha de Deus é feita de acordo com o coração da pessoa. Em I Samuel 16.7, lemos: “(...) O homem vê o exterior, porém, o Senhor, o coração.” Ainda que aos nossos olhos os critérios de Deus sejam imprevisíveis e insondáveis, a Bíblia nos ensina que Deus, preferencialmente, escolhe aqueles que têm um coração que agrade a Ele. A palavra coração, nesse texto e em toda a Bíblia, faz referência à totalidade da vida interior do ser humano. Sem dúvida, há várias coisas que conseguem influenciar uma pessoa a agir de uma determinada maneira. É exatamente isso que Deus enxerga. Ananias e Safira, por exemplo, tiveram uma boa atitude ao dar uma oferta para a igreja; contudo, a motivação do coração deles era errada, e por isso, Deus os rejeitou. Tiago, falando sobre a boa atitude da oração, escreve que a motivação errada impede uma pessoa de receber o seu pedido de oração: “Pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tg 4.3) Tendo a pessoa o genuíno desejo de glorificar a Deus, de entregar-se a Ele, de ser-lhe fiel e de prestar-lhe obediência, então Deus a olha com preferencial disposição de fazê-la líder.
             HISTÓRIA DE DAVI PARTE 2
I Samuel 16.14-23 
A rebelião e a soberba de Saul lhe trouxeram consequências terríveis. Além de ter sido rejeitado por Deus, Saul perdeu a doce presença do Espírito Santo. A partir daquele instante, estando sem a cobertura protetora de Deus, Saul se tornou alvo da ação de espíritos malignos. A tormenta e a perturbação trazida por esses espíritos era tão terrível que as próprias pessoas que conviviam com Saul perceberam que havia algo errado. Por isso, percebendo o problema, essas pessoas recomendaram que ele procurasse alguém que pudesse ajudá-lo.

Contudo, essa passagem não dá respaldo à crença de que o Espírito Santo pode se retirar, hoje, das pessoas. Segundo a Bíblia, a história deve ser dividida em duas etapas distintas: o período antes da vinda de Jesus e o período depois de sua vinda. Antes de Jesus vir ao mundo, o Espírito Santo de Deus não habitava permanentemente nos homens. Ele ia e vinha de acordo com as necessidades do povo. Talvez o exemplo mais claro dessa realidade esteja na história de Sansão. Em Juízes 14.5,6 lemos que, em uma situação de perigo, o Espírito de Deus veio sobre Sansão e lhe deu forças; entretanto, passada essa situação, o Espírito Santo se retirou e só voltou em outro momento de necessidade. Isso pode também ser conferido em Juízes 14.19 e 15.14.

Depois da ressurreição de Jesus, ele enviou o Espírito Santo, que passou a morar de modo permanente nos cristãos (João 14.16,17). Assim, independentemente das circunstâncias ou situações, por mais graves ou pecaminosas que sejam, o Espírito Santo jamais se retirará do cristão verdadeiramente convertido. Esse é o mesmo ensinamento trazido por Paulo ao afirmar, em I Coríntios 6.19, que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo, ou em Efésios 1.13, que nós fomos selados com o Espírito Santo. Contudo, o cristão pode entristecer o Espírito Santo, como está registrado em Efésios 4.30, ou apagar o Espírito Santo, como está escrito em I Tessalonicenses 5.19. Entristecer está relacionado à dor trazida por causa de comportamentos totalmente contrários àqueles esperados e encorajados pelo próprio Espírito Santo. Apagar está relacionado com a proibição de se exercer os dons do Espírito Santo na igreja, que no caso específico se referia ao dom de profecia. Aquele que proíbe o exercício dos dons espirituais está apagando o fogo do Espírito na vida da igreja.

Saul aceitou receber a ajuda sugerida por seus servos. Tão logo receberam o consentimento do rei, um deles sugeriu trazer Davi, dizendo que ele era alguém: “(...) que sabe tocar, que é forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras e de boa aparência; e o Senhor é com ele.” (I Samuel 16.18) Aceitando a sugestão, Saul mandou mensageiros que lhe trouxessem Davi para servir na corte. Ele seria o homem responsável por tocar harpa e para acalmar o rei. Na sua chegada, Davi foi muito bem recebido. A sua missão era atrair a presença de Deus, dedilhando a sua harpa e proclamando louvores. Sempre que um espírito maligno vinha sobre Saul, Davi começava a dedilhar a sua harpa. No momento em que ele começava a proclamar os louvores do Senhor, o espírito maligno se retirava. A música de Davi era poderosa para trazer libertação e paz ao coração de Saul.

Esse texto é bastante esclarecedor no que diz respeito à ação de espíritos malignos sobre as pessoas e também à libertação delas. Uma pessoa que não tem o Espírito Santo não pode libertar-se a si mesma, ainda que ela reconheça a sua situação de opressão e perceba a atuação de espíritos malignos na sua vida. Assim, ela precisa da ajuda de alguém que tenha o Espírito Santo. E a libertação pode acontecer quando aquele que tem o Espírito começa a proclamar os louvores do Senhor.

A palavra usada no hebraico para se referir à atuação dos espíritos malignos, nesse texto, é “ba’at”, que significa aterrorizar, trazer medo, causar aflição. Sendo um rei guerreiro, ele era um homem corajoso e ousado; contudo, por causa da opressão demoníaca, ele se tornou um homem medroso, aterrorizado e completamente aflito. E porque não tinha mais o Espírito Santo, ele não podia libertar-se a si mesmo. A sua força natural, seu conhecimento intelectual, seu poder financeiro, nada disso lhe conferia poder para derrotar aquele demônio. O homem pode fazer promessas, pode participar de rituais, pode gastar dinheiro com videntes; entretanto, jamais irá conseguir a libertação dos demônios por esses meios.

Então, a pessoa de Davi foi apresentada. O diferencial entre Davi e as demais pessoas não era a força, a sabedoria ou o dinheiro, mas a presença do Senhor. A expressão final do versículo 17, “e o Senhor é com ele”, é no hebraico a expressão “v’iavé imou”, que indica a proximidade do relacionamento entre Davi e o Senhor. Davi tinha um relacionamento muito próximo com Deus e, dirigido pelo Espírito Santo, era o instrumento de Deus para trazer libertação a Saul. O texto é bem claro ao nos mostrar que o espírito maligno se retirava de Saul quando Davi dedilhava a sua harpa. Por causa disso, Saul sentia alívio e se achava melhor.

A expressão “sentir alívio” é muito interessante. A tradução literal dessa expressão, “rawah”, é “ser largo”, “ser espaçoso”. É como se a pessoa estivesse em um lugar muito apertado, sentindo-se quase sem ar e, de repente, ela fosse tirada desse lugar e levada a um lugar espaçoso. Essa expressão descreve a sensação de liberdade, de alegria, de paz, de satisfação. Não que aqueles louvores, em si mesmos, tivessem algum poder sobre o espírito maligno; mas eles, entoados por Davi, tinham o poder de trazer a presença de Deus sobre aquele lugar. Isso é muito importante e deve ser esclarecido: músicas são apenas sons e não podem afastar espíritos malignos; letras são apenas símbolos e, por isso, não podem expulsá-los. Espíritos malignos só são expulsos em meio aos louvores quando esses conseguem atrair a presença de Deus – ou seja: espíritos malignos são expulsos pela presença de Deus.

O versículo 3 do Salmo 22 nos apresenta essa mesma idéia. Ele registra: “Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel.” Em primeiro lugar, Deus não é entronizado nos louvores de qualquer pessoa, mas no meio dos louvores do seu povo. Apenas aqueles que verdadeiramente pertencem a Deus podem entronizar Deus com seus louvores. Em segundo lugar, louvor, nesse texto, significa estar sincera e profundamente agradecido a Deus por tudo o que Ele é e faz, e não ficar repetindo palavras mecanicamente. Por fim, entronizar significa construir um trono para Deus se assentar. Assim, segundo o texto, quando o povo de Deus elogia e engrandece com sinceridade a Deus, esses louvores constroem um trono sobre o qual Deus vem e se assenta – ou se faz presente. Essa é a presença de Deus, que traz verdadeira libertação.
             HISTÓRIA DE DAVI PARTE 3
I Samuel 17 
Esta, talvez, seja uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, e marca o início do preparo de Davi para ser rei de Israel. O povo de Israel estava vivendo um período de constantes guerras e conquistas. Era o tempo de serem estabelecidos os limites do seu território e também a sua supremacia naquela região. E os inimigos mais ferrenhos enfrentados por Israel foram os filisteus.

Naquele momento, israelitas e filisteus estavam acampados perto do vale de Elá. A batalha já estava anunciada. A vitória daria ao vencedor a ocupação de uma das regiões mais estratégicas da Palestina. O vale de Elá estava localizado em uma região conhecida como Sefelá, uma região geográfica extremamente importante porque dava acesso ao coração da terra da Palestina. Estando os exércitos enfileirados, um soldado saiu das fileiras dos exércitos filisteus para afrontar os exércitos de Israel. O nome desse soldado era Golias, com cerca de dois metros e noventa centímetros de altura, soldado desde a sua mocidade, preparado para enfrentar guerras e vencer combates. Só a sua couraça de bronze pesava sessenta quilos, fora o capacete e as caneleiras. Foi ele quem saiu para fazer a proposta de um duelo: dois homens, um de cada lado, lutariam até a morte. Quem vencesse ganharia o território em disputa para o seu povo.

Entretanto os soldados de Israel estavam amedrontados. Ninguém queria duelar com Golias, apesar de Saul ter oferecido riquezas, isenção de impostos e a própria filha em casamento. Assim, Golias permaneceu afrontando Israel por quarenta dias, sem que ninguém se sentisse encorajado. Esses desafios e afrontas perduraram até que Davi foi para o campo de batalha. O seu pai o havia enviado para levar comida para os irmãos. Davi, no instante em que ouviu o desafio do filisteu, se indignou sobremaneira. No final do versículo 26, lemos a expressão da sua indignação: “Quem é, pois, esse incircunciso  filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?”

Davi reconhecia que aqueles desafios e afrontas não estavam sendo dirigidos a um povo qualquer, mas ao povo de Israel e, em última instância, contra Deus. Sendo assim, Deus certamente pelejaria contra os filisteus. Por isso, Davi aceitou aquela luta. Ele tinha a certeza de que aquela batalha pertencia ao Senhor. Por isso ele foi até Saul e se prontificou a lutar contra o gigante. De início, Saul tentou desanimar Davi, dizendo que o inimigo era muito preparado e hábil, poderoso e guerreiro. Contudo, Davi não se deixou desanimar e saiu à guerra com as suas próprias armas: uma funda, algumas pedras e um bordão.

É interessante, aqui, apresentar três importantes princípios de batalha espiritual. O primeiro princípio nos ensina que Deus peleja em favor do seu povo. Em diversos versículos de I Samuel 17 encontramos essa referência, além do versículo 26 citado acima:
“Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.” (v. 45)
“Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.” (v. 47)

Davi tinha plena consciência de que não estava sozinho para pelejar contra o filisteu. Ele também sabia que não eram simplesmente as suas mãos, armas e palavras que derrotariam o inimigo. Davi confiava em alguém que era maior do que aquele gigante, e tinha total certeza de que Deus iria pelejar por ele. Hoje, os nossos inimigos não são pessoas de carne e sangue, como acontecia nos tempos de Davi (Efésios 6.12). Da mesma maneira como Deus pelejou em favor do seu povo naquele tempo, usando Davi, Deus hoje peleja em favor do seu povo, a Igreja – e não em favor de todas as pessoas. Isso, porque as guerras daqueles que pertencem a Deus são também as guerras de Deus. Aqueles que pertencem a Deus odeiam o pecado assim como Deus odeia. Eles se sentem envergonhados de ver o nome de Deus desonrado e a sua vontade prejudicada. Eles vê em a humanidade escravizada e sofrendo os abusos de Satanás e de seus seguidores. Eles sentem ardor pelo zelo com a vontade de Deus. Por causa de seu coração voltado para Deus, Deus peleja em favor deles.

Há ainda outro princípio: Deus dá a cada um as suas armas específicas. Em I Samuel 17.38-40, lemos que Saul tentou colocar sobre Davi a sua própria armadura de guerra. Contudo, como aquelas armas tinham sido feitas exclusivamente para Saul, elas não serviram em Davi. Ele nem sequer conseguiu andar com todo aquele peso. Por isso, Davi tirou as armas de Saul e tomou nas mãos aquelas que lhe pertenciam: um cajado, cinco pedras e uma funda. Apesar de serem armas aparentemente insignificantes em uma batalha, foi com essas armas que Davi venceu a batalha contra o gigante Golias. De fato, quando se está com Deus, não importam as armas, mas sim a certeza de estar com Deus e fazendo a vontade Dele . Ele é poderoso para usar qualquer coisa que a pessoa tem nas mãos.

Esse é um princípio fundamental para a batalha espiritual. Há muitas pessoas levando adiante o ministério de Deus não usando as suas próprias armas, mas as armas que Deus deu a outras pessoas, enterrando seus próprios talentos e dons a fim de dispor dos talentos e dons de outras pessoas. Por exemplo, pessoas que receberam de Deus o talento para dançar enterram esse dom e buscam a capacitação de cantar que foi dada naturalmente a outra pessoa. Por não caminharem no dom que receberam, essas pessoas sentem um grande peso. São pessoas que vivem cansadas, frustradas e têm a impressão de que nada está funcionando. Quando olham para outros e vê em que eles estão vencendo as batalhas essas pessoas chegam a acusar Deus, dizendo: “Por que o outro consegue e eu não? O Senhor o ama mais do que a mim?”

Deus conquista a vitória por sua própria honra. Muitas pessoas acabam se vangloriando e tomando a glória de Deus quando recebem a vitória de Deus, agindo com falsa humildade, julgando-se os mais espirituais, os mais vencedores, os detentores da verdade sobre a batalha. Mas não devemos pensar que Deus conquistou a vitória para nós ou por nossa causa. Em uma batalha entre o povo de Deus e o inimigo, o que está em jogo não é a honra das pessoas, mas o próprio nome e honra de Deus. Ele é o detentor do poder, Ele vence a batalha por nós.
                HISTÓRIA DE DAVI PARTE 4
I Samuel 18.6-30 Logo depois da sua vitória sobre Golias e da sua aliança com Jônatas, Davi foi convocado para fazer parte do exército de Israel. Isso implicava em participar de muitas batalhas, porque Israel estava em fase de expandir  os seus territórios até os limites estabelecidos por Deus. Porque Deus era com Davi, ele conseguia obter vitórias em todas as suas batalhas, não importavam os inimigos, os campos de batalha, as condições climáticas nem quaisquer outras circunstâncias. E por causa de todas essas vitórias, Davi foi caindo na graça do povo. As pessoas começaram a ficar admiradas com Davi pelo modo como ele conduzia os exércitos nas batalhas e pelas vitórias conquistadas.

Entretanto, essa admiração estava causando inveja em Saul. Ele também recebia os ‘vivas’ das pessoas, mas Davi recebia mais. As mulheres cantavam: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares.” (18.7) Tão logo Saul começou a alimentar no seu coração a inveja, um espírito maligno veio contra ele e o influenciou de tal maneira que ele começou a ter uma ira inexplicável contra Davi, a ponto de tentar matá-lo em diversas ocasiões.

Apenas para esclarecimento, muitos não compreendem o que significa “espírito maligno da parte de Deus” (18.10) e imaginam que Deus tenha enviado esse espírito diretamente contra Saul. Mas não foi assim; Deus permitiu e consentiu que esse espírito fosse contra Saul no instante em que ele se rebelou, voluntária e conscientemente. Deus retirou a sua proteção sobre Saul e permitiu que espíritos malignos viessem contra ele.

Apesar de Saul tentar ferir Davi por duas vezes, ele conseguiu escapar. Davi sempre conseguia a vitória, seja sobre os ataques de Saul, seja sobre os ataques dos filisteus e outros povos. O que é interessante nesse texto é a regularidade com que algumas idéias aparecem, o que mostra que havia elementos comuns na caminhada de Davi. A caminhada de Davi, segundo o texto, pode ser resumida em enfrentar inimigos (versículos 6, 8-11 e 17-27), conquistar vitórias (versículos 6, 11-15 e 27-29) e causar admiração (versículos 6, 7, 16 e 30). Esses elementos, que aparecem com tanta regularidade na vida de Davi, devem estar presentes também na vida de todos os cristãos. Isso é constatado através do exemplo de Jesus, dos primeiros apóstolos e de Paulo. Mas vejamos cada um desses elementos separadamente.

Enfrentar inimigos – Às vezes os inimigos de Davi eram os filisteus ou os outros povos ao redor, mas outras vezes foi o próprio rei Saul. A princípio não conseguimos encontrar nenhuma associação ou coisa em comum entre esses inimigos. Mas a resposta não está neles ou em Davi; está nos propósitos de Deus. Na verdade, os inimigos se levantaram não contra Davi, mas contra os propósitos de Deus. Justamente porque Davi estava sendo usado para cumprir os propósitos de Deus, ele naturalmente foi alvo de oposição.

Quando Deus fez uma aliança com Abraão, Ele lhe prometeu dar toda a terra de suas peregrinações (Gênesis 15.12-21). Ao sair da terra do Egito, Israel foi direcionado por Deus para ir à terra de Canaã. Deus só não a entregou antes a Abraão porque ainda não havia sido enchida a medida da iniqüidade dos amorreus. Agora, depois de 400 anos, Israel estava começando a cumprir os propósitos de Deus. Entretanto, o projeto de Deus não foi concluído nem por Josué e nem pelos juízes; ele estava começando a encontrar a sua conclusão em Davi. No tocante a Saul, quando ele se rebelou, ele ouviu uma palavra profética que dizia que o reino lhe havia sido tirado para ser dado a alguém melhor do que ele (I Samuel 15.28). Ao perceber a boa mão de Deus sobre Davi, Saul logo reconheceu que ele era o homem que Deus havia escolhido para ser o próximo rei de Israel (I Samuel 18.8).

O mesmo acontece na vida do cristão que busca, verdadeiramente, viver segundo a vontade de Deus e cumprindo os Seus propósitos. Contudo, o cristão não é chamado para lutar contra pessoas; os seus inimigos são espirituais. Temos como exemplo o caso de Saul, de Jesus e de tantos cristãos que foram martirizados. Alguns exemplos da vida atual são o desânimo que acomete muitas pessoas na evangelização, a propagação de maledicências que provocam divisões e a insatisfação que promove a rebelião.

Conquistar vitórias – A marca registrada na vida de Davi era as vitórias que ele conquistava no nome do Senhor. O princípio para sua vitória era não confiar na sua própria força nem nas suas habilidades de guerreiro. Ele ia confiando no Senhor e agia em fé, com o coração firmado nas promessas de Deus.

Causar admiração – Por causa dos êxitos em suas batalhas e em todas as suas empreitadas. Davi foi conquistando admiração crescente do povo, a ponto de criarem cânticos que exaltavam seus feitos. Mas ele tinha certeza de que não era a sua força que gerava tais vitórias, e por isso dava todo o crédito a Deus.
              HISTÓRIA DE DAVI PARTE 5
I Samuel 18.1-5 
Todos  temos necessidade de amizades. Há um caráter espiritual na amizade, no que diz respeito à unidade, aos objetivos comuns e à afinidade (veja o exemplo da triunidade). Mas os amigos verdadeiros são poucos; há uma diferença entre ser ‘amigo’ e ser ‘conhecido’. A vitória de Davi sobre Golias foi inspiração para os exércitos de Israel. Saul ficou maravilhado perante Davi e, enquanto eles dialogavam, ali estava também, quase imperceptível, Jônatas, filho de Saul. Em meio àquele primeiro encontro, “(...) a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma.” (I Samuel 18.1) O texto não nos diz que Jônatas e Davi já se conheciam de muito tempo. Esse é o primeiro princípio da verdadeira amizade: só existe amizade se existe identificação. O verbo “ligar” significa, literalmente, amarrar determinados objetos com cordas de modo que eles não se soltem e não se separem. Contudo, quando esse verbo se refere a relacionamentos do homem com alguma coisa ou de um ser humano com outro, ele sempre exige uma relação de identificação. Tomemos como exemplos a relação entre Jacó e Benjamim (pessoa e pessoa, Gênesis 44.30) e entre Raabe e o fio vermelho em sua janela (pessoa e coisa – a identificação com o Deus de Israel, Josué 2.17,18). Assim, se você se aproximar de alguém e esse alguém não lhe corresponder, então, por mais que você queira, não existirá vínculo de amizade. Não é porque você escreve cartas, manda e-mails e dá telefonemas que começou a existir amizade. Amizade só existe quando há identificação, e identificação é sempre bilateral, ou seja, exige a participação ativa das duas pessoas. Contudo, só haverá identificação para verdadeira amizade se um amar o outro como ama a si mesmo. O texto nos diz que Jônatas amou Davi como amava sua própria alma. Ninguém ama a sua alma interessadamente, a usando para alcançar um fim ou visando uma troca ou barganha. Quem ama a sua alma, faz todo o bem a ela. Só existe amizade quando essa identificação acontecer por amor, ou seja, pelo desejo de se ajudar e se doar ao outro.

Só existe amizade se existe compromisso. O versículo 3 diz que Jônatas e Davi fizeram aliança, mais uma vez repetindo, “(...) porque Jônatas o amava como à sua própria alma.” A expressão “fizeram uma aliança”, no hebraico, é literalmente ‘cortar uma aliança’ (o verbo que foi traduzido por fazer é o verbo ‘karat’, que significa ‘cortar em pedaços’). O que o texto nos diz sobre isso? Jônatas providenciou um animal, cortou-o em pedaços e passou no meio deles. Com esse ritual simbólico, ele estava dizendo: “que a sorte que caiu sobre esse animal caia sobre mim caso eu não guarde a aliança”. Jônatas estava firmando o seu compromisso de vida ou morte com Davi.

Só existe amizade se existe demonstração. Diz o texto: “Despojou-se Jônatas da capa e a deu a Davi.” Essa foi uma demonstração pura e desinteressada de amizade verdadeira. A intenção de Jônatas não era “comprar” Davi com um presente, mas demonstrar a ele que a amizade que havia nascido ali era maior do que o valor de coisas materiais.

Há ainda o relato da história de Calvino e Farel. Eles se encontraram pela primeira vez em Genebra. Farel convidou Calvino a permanecer na cidade, mas Calvino queria viajar para estudar tranquilo. Então Farel disse: “Deus amaldiçoe teu descanso e a tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda”. Quando, porém, Calvino foi desterrado de Genebra, Farel, que podia permanecer ali, decidiu ir para o exílio junto a João Calvino.

Custe o que custar, um amigo estará sempre ao seu lado, buscando o seu bem. Independentemente da sua própria vontade, ele resolve ajudá-lo em tudo. Ele é aquela pessoa que renuncia as suas noites de sono, em sua própria casa para estar no hospital como um amigo, ou renuncia sair à noite com os companheiros para permanecer com aquele amigo que não está bem. Um amigo verdadeiro renuncia a si mesmo, assim como fez Jesus – nosso melhor amigo.
                 HISTÓRIA DE DAVI PARTE 6
I Samuel 19-21 
O coração de Davi

Quando alguém se lembra de Davi, geralmente, não fala da sua bravura, sua habilidade com as armas, suas vitórias contra os inimigos ou sua capacidade estratégica, mas do seu coração. Fala-se do “homem segundo o coração de Deus” (Atos 13.22).

As pessoas acham bonito falar sobre o “homem segundo o coração de Deus”, ou, segundo o texto, “O homem governado, submetido, controlado, pelo coração de Deus”. As pessoas até pedem esse coração a Deus, fazendo orações eloquentes e sinceras. Contudo, quase ninguém procura saber o que aconteceu com Davi para que ele tivesse esse coração.

O coração de Davi não foi governado por Deus desde o início – até mesmo porque, segundo as palavras do próprio Davi no salmo 51.5, ele reconhece que nasceu em iniquidade, em rebelião contra Deus. Assim, ele não nasceu com um coração rendido e submetido a Deus. Esse coração foi construído, formado, lapidado, trabalhado por Deus. E não foi da noite para o dia; esse foi um trabalho de muitos anos. Para ter o seu coração transformado, Davi precisou se desapegar de muitas coisas, perder muitas “muletas”, ser destituído de muitos apoios. Ele precisou ser levado para um lugar onde estivesse completamente sozinho, sem posição, sem amigos, sem líderes, sem nação.

De fato, um coração só se apega totalmente a Deus depois que se desapegou de todas as demais coisas. Esse foi o processo pelo qual Davi passou. É interessante notar que o verbo que mais aparece nesses capítulos, se referindo a Davi, é o verbo fugir (19.10,12,18; 20.1; 21.10). Quem foge não prepara malas para viajar; tudo acontece repentinamente. E Davi foi deixando muitas coisas para trás. Sem querer, ele foi se desapegando de algumas coisas que lhe davam segurança.

Davi se desapegou de sua posição. Ele era chefe da guarda pessoal e comandante dos exércitos do rei. Era ele quem fazia as saídas e entradas militares de todo o povo. Ele era conhecido e estimado por todas as pessoas de Israel. As mulheres o admiravam e cantavam suas vitórias. Mas, de repente, Davi se torna um fugitivo. O próprio rei de Israel passa a persegui-lo e ele perde essa posição diante de todo o Israel. Sua posição não mais podia sustentá-lo ou ajudá-lo.
Davi se desapegou do casamento. Quando fugiu de Saul, Davi foi para casa e esteve com a sua esposa, Mical, filha do rei. Isso conferia a Davi honra, status, riquezas e bens, além de aconchego e afeto da esposa. Entretanto, por causa das perseguições, Davi precisou fugir. O casamento não mais podia sustentá-lo.
Davi se desapegou dos líderes. Quando fugiu de casa, Davi se foi para Samuel. Samuel era profeta e ainda o juiz de todo o Israel. Mas Davi, mais uma vez, precisou fugir.
Davi se desapegou dos amigos. Quando fugiu da casa dos profetas, Davi foi se encontrar com Jônatas. Mesmo assim, isso não durou muito e outra vez foi necessário que Davi fugisse. Ele já não mais encontrava segurança em suas amizades.
Davi se desapegou de si mesmo. Quando fugiu de perto de Jônatas, Davi se foi Gate, a cidade do filisteu Golias, seu inimigo. Ali, Davi precisou se fingir de louco (I Samuel 21.13). Seu próprio procedimento já não transmitia mais segurança. Davi abriu mão de sua naturalidade, de suas atitudes normais.

Existiram muitas outras situações em que foi necessária a renúncia de Davi. Ele chegou a saiu do palácio e foi parar em uma caverna. Suas fugas constantes e a humilhação a que estava sendo submetido o fizeram abrir mão de tudo o que era natural e poderia lhe transmitir alguma segurança, para confiar somente em Deus. Sua vida estava totalmente sob os cuidados do Pai. Mesmo assim, apesar de todos os problemas, perseguições e do perigo de morte, Davi jamais deixou de depositar sua confiança plena em Deus. Exatamente por isso, Davi foi considerado o homem segundo o coração de Deus. O anseio do coração de Deus é que depositemos nossa confiança total nEle, porque Ele tem o controle total de nossas vidas em suas mãos. Os problemas, as perseguições, as lutas, as dores, o cansaço, a humilhação, a falta absoluta de apoio em coisas naturais ou em pessoas não são maiores do que o Senhor.
                 HISTÓRIA DE DAVI PARTE 7
I Samuel 22.1-5
O poder da caverna


Lendo os capítulos anteriores, percebemos a trajetória de Davi. Ele era estimado por todas as pessoas, só vivia no palácio, sempre rodeado das pessoas mais nobres da sociedade e tendo contato com os sábios, os ricos e poderosos. Era também casado com a filha do rei de Israel. Mas, de repente, ele perde tudo isso. Davi perdeu todas as “muletas” que podia usar e nas quais podia querer confiar: o emprego e a posição no palácio, a esposa, o contato com o líder espiritual, o amigo e o amor próprio.

E agora, Davi está em uma caverna. Ele está sozinho, vive em uma caverna escura e sem conforto. Não tem mais qualquer privilégio na sociedade; não tem mais regalias ou salário; é alguém perseguido e desprezado, vivendo em constante perigo de vida, dependendo apenas de Deus.

Nesse lugar, dentro da caverna, Davi reconhece a fragilidade da sua vida e a necessidade de depender ainda mais de Deus. O salmo 142 registra esse momento da vida de Davi. O texto é uma oração (um exercício espiritual é escrever as orações). No versículo 4, ele se via perseguido e sem que ninguém o reconhecesse; no versículo 6, ele se via muito fraco (hebraico, ‘dalal’: palavra que se refere a alguém das classes mais pobres de Israel). Predomina a idéia de privação de bens materiais e de poder social.

Ainda que não voluntariamente, Davi foi levado a se identificar com o grupo mais marginalizado de Israel, aqueles que não ocupavam o palácio dos reis, que não eram em si mesmos poderosos, mas necessitados de ajuda. Era o grupo dos excluídos, fracos, endividados, amargurados de espírito, perseguidos; daqueles que não tinham vez dentro de Israel.

Maravilhosamente, Deus levou Davi a sair do palácio, do grupo daqueles que eram aparentemente fortes, para ir para uma caverna para se identificar com aqueles que eram reconhecidamente fracos. E isso desencadeou um processo na vida de Davi. Tão logo houve essa identificação, as pessoas começaram a se aproximar dele. Primeiro foram os seus pais e seus irmãos (I Samuel 22.1); depois foram todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito (I Samuel 22.2). Talvez os piores homens de todo o Israel. Foi apenas Davi não estar mais naquele lugar alto, inatingível para as pessoas, e ir para um lugar onde as pessoas podiam alcançá-lo, que as pessoas logo se aproximaram dele. Aproximaram-se dele exatamente as pessoas que às vezes o viam com presunção e maldade (I Samuel 17.28).

A caverna, para Davi, foi o lugar da identificação. O mesmo aconteceu com Jesus, que viveu essa mesma experiência para que as pessoas fossem alcançadas. Ele lhes via a necessidade (Filipenses 2.5-11). As pessoas precisam ser alcançadas. Elas estão vivendo em amargura, em desespero, em dor. E isso só acontecerá se houver identificação, se você for ao lugar onde a pessoa está. Isso só acontecerá quando a pessoa perceber que você não está em um lugar mais alto do que ela, quando você entrar na caverna com a pessoa, se identificar com a sua dor, suas lutas, quando tiver compaixão das suas fraquezas. Quando você for onde ela estiver e quando sentir-se como ela se sente, você então poderá ajudá-la.

Ninguém está atrás de discursos, palavras, críticas ou sermões. As pessoas estão atrás de compaixão. Elas estão à procura da graça. O mundo tem sede da graça.
              HISTÓRIA DE DAVI PARTE 8
sobre a vida de Davi 8 
I Samuel 23.19-29
Davi está na caverna de Adulão, mas é orientado a sair dali e ir para os territórios de Judá (I Samuel 22.5). Estando no território de Judá, ele ouve dizer que uma de suas cidades está sendo atacada pelos filisteus. Davi livra Queila e, ao ouvir que Saul estava ao seu encalço, ele deixa a cidade. Contudo, ele ainda permanece no território de Judá, no deserto de Zife.

Então vem a traição. Os zifeus procuram Saul para entregar Davi. É uma traição dupla: Em primeiro lugar, porque os zifeus eram integrantes da mesma tribo que Davi – a tribo de Judá (Josué 15.20,24). E, em segundo lugar, porque os zifeus se beneficiaram com a intervenção de Davi em Queila. Contudo, eles decidiram trair Davi e entregá-lo a Saul. Saul quase alcançou Davi; por pouco ele não foi aprisionado (I Samuel 23.26). Davi foi liberto pela ação de Deus que, providencialmente, permitiu que os filisteus invadissem o território de Israel.

Passada essa situação mas ainda no calor dela, Davi escreveu um salmo, que é o de número 54. É um salmo didático, que visa trazer ensinamento sobre o modo como os crentes devem reagir diante da traição e da opressão dos inimigos. Nos 3 primeiros versículos Davi apresenta-se a si mesmo e os seus inimigos a Deus. Os inimigos são, na verdade, estranhos e violentos; aparentam ser amigos, mas não permitem criar relacionamentos; eles não têm Deus diante dos olhos.

Salvar (yasha, “alargar”): indica liberdade de opressão e a capacidade de atingir os próprios objetivos. Para ir da aflição para a segurança é preciso existir livramento. Em geral, o livramento deve vir de algum ponto exterior ao da parte oprimida. Faze-me justiça: traz a idéia de um apelo para a realização de um julgamento justo. Davi via-se traído. Ele não encontrava em si qualquer sinal de pecado, injustiça ou maldade. Por isso, Davi não apela para a força do próprio braço; ele não tem sede de vingança, não guarda rancor ou ódio no coração. Ele se volta para Deus e diz: “O Senhor é o meu ajudador e auxiliador; o Senhor é aquele em cujas mãos está a minha vida; ele retribuirá (shub, levar de volta, trazer de volta; o “efeito bumerangue”). Deus fará justiça

Sem comentários:

Enviar um comentário

LIVRO QUANTO VALE SUA ALMA

INTRODUÇÃO CAPÍTULO   1 SUA ALMA E TÃO VALIOSA? CAPÍTULO 2 VOCE CUIDA MAS DA SUA ALMA? CAPÍTULO 3 COMO VOCÊ IMAGINA   ASSIM SERÁ PRO...